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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Algodão: Tendência de estabilidade no curto e no longo prazo



Algodão: Tendência de estabilidade no curto e no longo prazo

Os preços do algodão devem permanecer elevados durante essa safra 2009/2010 e durante a próxima safra 2010/2011, em função dos preços internacionais mais altos, oferta e demanda mundial ajustada, queda dos estoques mundiais, aumento do comércio internacional de fios e têxteis, mesmo com a projeção de aumento de até 25% da área no Brasil no próximo ciclo (2010/2011). 

O consumo mundial de algodão supera em 2,5 milhões de toneladas a produção nesta safra 2009/2010. Na safra 2010/2011, a produção está estimada em 25,0 milhões de toneladas, igualando-se ao consumo estimado em 24,9 milhões de toneladas. Os estoques finais devem recuar para 9,6 milhões de toneladas, 21% inferiores aos da temporada anterior e no menor nível desde 2003/2004. O motivo é o declínio da produção no mundo e a recuperação do consumo da indústria. A parcela consumida dos estoques também deve cair, de 52% em 2008/2009 para 39% em 2009/2010. Seria a menor desde 1993/1994. A oferta de algodão permanecerá apertada até o início da colheita da nova safra do Hemisfério Norte em agosto. A produção mundial se recuperará 14% em 2010/2011, totalizando 25,0 milhões de toneladas. A elevação dos preços durante o período 2009/2010 teria estimulado o plantio da cultura, em detrimento dos grãos e oleaginosas. O consumo mundial da indústria aumentará em 2010/2011, crescendo 2% e somando 24,9 milhões de toneladas. O impulso é resultado da melhora no crescimento econômico. No entanto, segue limitado pelos preços elevados e pela formação de novos estoques. Considerando que a produção global e o consumo de indústrias praticamente devem se equilibrar em 2010/2011, os estoques finais mundiais devem permanecer sem mudanças, com 9,6 milhões de toneladas. A parcela consumida seguiria de 39% durante 2010/2011.
A área de algodão no Brasil será aumentada entre 20% e 25% na safra 2010/2011. O Mato Grosso, principal produtor do País, deve ter um espaço ampliado entre 15% e 20%. Atualmente, foram plantados 422 mil hectares da cultura no estado. Na safra 2009/2010, foram plantados 836 mil hectares de fibra no Brasil. Com o aumento de área, a produção do algodão poderá subir para 1,4 a 1,5 milhão de toneladas. Os preços do algodão estão atrativos e, por isso, os produtores já venderam parte de seus cultivos. Foram vendidas, até agora, entre 300 mil e 400 mil toneladas da safra 2010/2011. A maior parte foi negociada com o mercado internacional. O acréscimo de espaço para a cotonicultura no País será proporcional aos estados que mais produzem algodão. Em Mato Grosso a área pode crescer até 100 mil hectares; na Bahia 50 a 60 mil hectares; e em Goiás 25 a 30 mil hectares. O acréscimo da área da cotonicultura também se deve aos contratos já acertados para os mercados externo e interno. Principalmente, o mercado doméstico, que está consumindo bem. 

Deve haver uma quebra na safra 2009/2010. A previsão era de uma produção de 1,250 milhão de toneladas. Uma estiagem nos meses de março e abril prejudicou a lavoura de estados como Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, assim como problemas com praga e mudanças no clima, que travam o desenvolvimento do algodão. Goiás pode ter uma quebra de 5% a 10%. Se a projeção se concretizar, a safra poderá cair para 1,150 milhão de toneladas. O consumo interno é de 1 milhão de toneladas de fibra em 2010. Em Mato Grosso terá uma redução de produtividade de até 15%. O peso da pluma está abaixo do normal, por causa da falta de chuva desses meses de março e abril. A quebra do estado será maior em função de uma plantação tardia em meados de janeiro. O atraso no retorno das chuvas na primavera não deve representar grande problema no plantio da lavoura de algodão de Mato Grosso e da Bahia. Durante o verão deve prevalecer o padrão médio de chuvas, o que não deve interferir no desenvolvimento das fases vegetativas. É importante considerar, porém, a possibilidade de o período de chuvas se prolongar até abril e meados de maio de 2011, o que em tese favorece a lavoura de algodão adensado/safrinha na fase vegetativa. Em compensação, pode representar risco nas fases finais (abertura da pluma) e colheita. Portanto, em 2011 não deve se repetir o problema observado na safra passada, quando a falta de chuva em abril e maio acabou reduzindo o potencial de produção de algumas lavouras.

A área de algodão adensado deve ter forte expansão no Brasil em 2010/2011. Em Mato Grosso, no ano passado, em um teste, foram plantados 5 mil hectares. Esse ano, foram 52 mil hectares. A tendência é de até 120 mil hectares nessa próxima safra 2010/2011 em Mato Grosso. Segundo os produtores, a soma do manejo correto da plantação, do uso de máquinas adequadas para a colheita e de algumas adaptações nas usinas de beneficiamento resultou em um produto com qualidade, que em nada deixa a desejar para o algodão convencional. Atualmente, o foco é pesquisa de variedade e também o aprimoramento da tecnologia do algodão adensado. Apesar de ser um modelo de plantio relativamente novo para a cotonicultura brasileira, os resultados obtidos são superiores aos que foram alcançados em outros países que já testaram o cultivo adensado. A tendência do Brasil é de aumento do adensado e da safrinha para a maior parte da área, com forte redução do cultivo convencional. Afinal, apesar das diferenças entre os métodos de cultivo, o produto final é o mesmo, segundo os produtores.
Fonte: Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica
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